<i>Senhor das Sombras</i> e anão político
Fazendo de Israel na América Latina, o Senhor das Sombras aplicou no Equador o princípio bushiano da «guerra preventiva» e bombardeou um acampamento das FARC a pouca distância da fronteira, assassinando o número dois do grupo guerrilheiro e uma vintena de outras pessoas, algumas delas alheias ao movimento insurgente. Começou por dizer que o bombardeamento foi feito do lado colombiano, mas hoje está claro que o ataque terrorista foi de Sul para Norte e que foi de regresso que os aviões colombianos atacaram o grupo, muito provavelmente com apoio logístico das bases militares norte-americanas de Las Tres Esquinas (Colômbia) e Manta (Equador).
De início, Uribe «desculpou-se» com Rafael Correa convencido de que este, além de seu homólogo, era seu igual e deixaria as coisas assim. Enganou-se. Correa respondeu-lhe com uma dignidade desconhecida para Uribe cortando relações diplomáticas e movendo tropas para a fronteira, quase em simultâneo com medidas idênticas de Hugo Chávez e com o corte de relações ordenado desde Manágua. Foi então que o Senhor das Sombras virou Anão Político e, por arte de magia, fez aparecer um computador portátil de Raúl Reyes que «vincula» as autoridades do Equador e da Venezuela com as FARC e estas com o narcotráfico. De passagem, ameaçou levar Chávez ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por cúmplice de genocídio. Argumento de filme escrito em Washington, cujo «final feliz» era uma guerra regional que pusesse ponto final aos esforços de integração que se adiantam na região. Os cálculos saíram furados. Não houve guerra. Uribe ficou isolado e a região reagiu com uma unanimidade poucas vezes vista. Na OEA, Uribe foi acusado de violar a soberania do Equador e o mesmo sucedeu posteriormente, em Santo Domingo, aquando da reunião do Grupo de Rio, onde o presidente narco foi obrigado a reconhecer essa violação e a prometer não repetir acções semelhantes sob nenhum pretexto. No final do encontro, foi espectáculo de circo de aldeia vê-lo ir de presidente em presidente distribuindo abraços, apertos de mão e sorrisos. Até anunciou que não levaria Chávez ao TPI!
Neste momento podemos dizer que o pior da crise passou, mas não é menos certo que Uribe é muito capaz de reincidir, até porque não é ele quem manda e talvez esteja numa situação de refém de Washington, que lhe conhece todos os podres e o tem na lista de narcotraficantes.
A selecta companhia de Uribe
Jorge Noguera, ex-director da polícia política do presidente colombiano foi durante muito tempo a sua mão direita. Investigado pelas autoridades por alegados vínculos com grupos paramilitares e narcotraficantes, foi defendido a capa e espada pelo Senhor das Sombras. Numa tentativa de salvação foi nomeado para o corpo diplomático, mas as provas contra ele eram tão esmagadoras que terminou fora da diplomacia e dentro da prisão.
Mario Uribe, primo direito de Uribe, renunciou ao Congresso acusado de relações com os paramilitares. Provavelmente irá fazer companhia a outros 14 legisladores que estão presos pela mesma razão. Salvatore Mancuso, chefe dos famigerados grupos terroristas, confirmou esses contactos para acordar alianças para as eleições de 2006.
A chanceler Consuelo Araújo, estrela do governo de Uribe, não durou mais de meio ano no cargo. Teve de renunciar porque sobre o irmão Álvaro – legislador – e seu pai caíram sérias suspeitas de relações com os paramilitares de Uribe. A defesa que este fez da chanceler não foi suficiente para impedir a sua queda. Junto com estas duas «jóias» da coroa uribista foram presos os senadores Dieb Maloof, Mauricio Pimiento e Luis Eduardo Vives, e os deputados Alfonso Campo Escobar e Jorge Luis Caballero. Outros cairão, já que se estima que mais de um terço dos actuais legisladores são passíveis da mesma acusação.
«O narco-estado sonhado por Escobar tem mais vigência do que nunca». A frase é da ex-companheira do capo Pablo Escobar, Virginia Vallejo, autora do livro «Amando a Pablo, Odiando a Escobar», agora a viver nos Estados Unidos e à espera de asilo político. «Os narcotraficantes prosperaram na Colômbia não porque fossem uns génios, mas porque os presidentes eram muito baratos». Entre três narco presidentes – afirma Vallejo – aparece Álvaro Uribe, de quem Pablo dizia: «... se não fosse por esse rapaz bendito teríamos de nadar até Miami para levar a droga aos gringos. Agora com os nossos próprios aeroportos, não nos pára ninguém».
TPI para quem?
De início, Uribe «desculpou-se» com Rafael Correa convencido de que este, além de seu homólogo, era seu igual e deixaria as coisas assim. Enganou-se. Correa respondeu-lhe com uma dignidade desconhecida para Uribe cortando relações diplomáticas e movendo tropas para a fronteira, quase em simultâneo com medidas idênticas de Hugo Chávez e com o corte de relações ordenado desde Manágua. Foi então que o Senhor das Sombras virou Anão Político e, por arte de magia, fez aparecer um computador portátil de Raúl Reyes que «vincula» as autoridades do Equador e da Venezuela com as FARC e estas com o narcotráfico. De passagem, ameaçou levar Chávez ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por cúmplice de genocídio. Argumento de filme escrito em Washington, cujo «final feliz» era uma guerra regional que pusesse ponto final aos esforços de integração que se adiantam na região. Os cálculos saíram furados. Não houve guerra. Uribe ficou isolado e a região reagiu com uma unanimidade poucas vezes vista. Na OEA, Uribe foi acusado de violar a soberania do Equador e o mesmo sucedeu posteriormente, em Santo Domingo, aquando da reunião do Grupo de Rio, onde o presidente narco foi obrigado a reconhecer essa violação e a prometer não repetir acções semelhantes sob nenhum pretexto. No final do encontro, foi espectáculo de circo de aldeia vê-lo ir de presidente em presidente distribuindo abraços, apertos de mão e sorrisos. Até anunciou que não levaria Chávez ao TPI!
Neste momento podemos dizer que o pior da crise passou, mas não é menos certo que Uribe é muito capaz de reincidir, até porque não é ele quem manda e talvez esteja numa situação de refém de Washington, que lhe conhece todos os podres e o tem na lista de narcotraficantes.
A selecta companhia de Uribe
Jorge Noguera, ex-director da polícia política do presidente colombiano foi durante muito tempo a sua mão direita. Investigado pelas autoridades por alegados vínculos com grupos paramilitares e narcotraficantes, foi defendido a capa e espada pelo Senhor das Sombras. Numa tentativa de salvação foi nomeado para o corpo diplomático, mas as provas contra ele eram tão esmagadoras que terminou fora da diplomacia e dentro da prisão.
Mario Uribe, primo direito de Uribe, renunciou ao Congresso acusado de relações com os paramilitares. Provavelmente irá fazer companhia a outros 14 legisladores que estão presos pela mesma razão. Salvatore Mancuso, chefe dos famigerados grupos terroristas, confirmou esses contactos para acordar alianças para as eleições de 2006.
A chanceler Consuelo Araújo, estrela do governo de Uribe, não durou mais de meio ano no cargo. Teve de renunciar porque sobre o irmão Álvaro – legislador – e seu pai caíram sérias suspeitas de relações com os paramilitares de Uribe. A defesa que este fez da chanceler não foi suficiente para impedir a sua queda. Junto com estas duas «jóias» da coroa uribista foram presos os senadores Dieb Maloof, Mauricio Pimiento e Luis Eduardo Vives, e os deputados Alfonso Campo Escobar e Jorge Luis Caballero. Outros cairão, já que se estima que mais de um terço dos actuais legisladores são passíveis da mesma acusação.
«O narco-estado sonhado por Escobar tem mais vigência do que nunca». A frase é da ex-companheira do capo Pablo Escobar, Virginia Vallejo, autora do livro «Amando a Pablo, Odiando a Escobar», agora a viver nos Estados Unidos e à espera de asilo político. «Os narcotraficantes prosperaram na Colômbia não porque fossem uns génios, mas porque os presidentes eram muito baratos». Entre três narco presidentes – afirma Vallejo – aparece Álvaro Uribe, de quem Pablo dizia: «... se não fosse por esse rapaz bendito teríamos de nadar até Miami para levar a droga aos gringos. Agora com os nossos próprios aeroportos, não nos pára ninguém».
TPI para quem?